quarta-feira, 15 de maio de 2013

                                Somos todos um só


Pesquisa genética internacional mostra que não existem raças na espécie humana, derrubando qualquer base científica para a discriminação !




NORTON GODOY
Se um pesquisador do IBGE bater à sua porta e perguntar qual é sua raça, você terá dúvidas para responder? Por mais banal que pareça, essa questão está gerando muita polêmica nos Estados Unidos. O presidente Bill Clinton chegou a formar uma comissão de alto nível para discuti-la. Isso porque, assim como os brasileiros, os americanos irão realizar no ano 2000 o último censo do século. Lá, porém, o resultado do perfil racial da população não é apenas mais um quesito estatístico. Influi, entre outras coisas, na distribuição de recursos aos órgãos federais e não-governamentais dedicados às chamadas minorias étnicas. Enquanto aqui você tem total liberdade de definir qual é sua raça, lá é o recenseador quem identifica o cidadão entre nada menos do que sete grupos raciais. Mas, se a questão já tinha implicações políticas, econômicas e culturais, ficou ainda mais difícil há poucos dias com a publicação de um amplo e meticuloso trabalho científico que chegou a uma conclusão taxativa: não existem raças na espécie humana.

Diferenças insignificantes Para chegar a esta afirmação, uma equipe de cinco cientistas estudou e comparou mais de oito mil amostras genéticas colhidas aleatoriamente de pessoas de todo o mundo. Segundo Alan Templeton, biólogo americano que dirigiu a pesquisa, diferentemente de todas as outras espécies de mamíferos, não há raças entre os humanos porque "as diferenças genéticas entre grupos das mais distintas etnias são insignificantes". Para que o conceito de raça tivesse validade científica, "essas diferenças teriam de ser muito maiores". Ou seja, não importa a cor da pele, as feições do rosto, a estatura ou mesmo a origem geográfica de qualquer ser humano (traços que distinguem culturalmente as etnias): geneticamente, somos todos muito semelhantes. Curiosamente, foi no Brasil que Templeton tomou consciência de que o conceito de raças poderia ser puramente cultural. "Em minha primeira visita ao Brasil em 1976, eu descobri que a classificação racial usada pelos brasileiros não era a mesma usada nos Estados Unidos; que a mesma pessoa poderia ser classificada de forma bem diferente em dois países", disse ele a ISTOÉ. "Aquela experiência me ensinou então que o conceito de raça não é necessariamente biológico." Templeton está voltando nesta segunda-feira 16 pela terceira vez ao Brasil, onde vai conhecer de perto uma pesquisa que está definindo o retrato genético da população brasileira.

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